terça-feira, 1 de maio de 2007

De alquimista a cronista

Nascido e criado num Rio de Janeiro que não existe mais. A infância e a adolescência passou entre a educação num colégio jesuíta e o lazer com colegas. Peladeiro convicto atuou tanto nas areias da praia como nas ruas e campos de futebol soçaite. Se talento lhe faltava, disposição tinha de sobra. Sofreu e sorriu com o seu Flamengo e assistiu ao milésimo gol do Pelé no Maracanã. Influenciado pelo pai, um pioneiro em caça submarina no Brasil, tomou gosto pelo mundo submarino. Não foi surfista, na sua época só se pegava jacaré. Andou de bonde e lotação até ter seu primeiro carro. Namorou e dançou ao som dos acordes da bossa nova e das guitarras dos Beatles. Casou-se com uma legítima garota de Ipanema, casamento que perdura até hoje e que gerou três lindas filhas.
Na hora de escolher uma profissão se aventurou pelos mistérios da alquimia. Seu primeiro emprego foi numa fábrica onde ficou muitos anos. Aos 40 deu uma guinada na carreira, trocou a área industrial pela comercial. Viajou por esse Brasil e pelo mundo afora, ampliou seus horizontes. Participou de reuniões, congressos ou simplesmente viajou de férias. Conheceu muitos lugares, fez novas amizades e colecionou momentos que se transformaram em doces recordações.
Em determinado momento as viagens de trabalho, a princípio prazerosas, se tornaram enfadonhas. Passava longas e solitárias horas em hotéis, aeroportos e aviões. Precisava arranjar algo para se distrair e não se tornar mais um alcoólatra em trânsito, como tantos que conheceu em suas andanças pelo mundo. Descobriu que escrever passava o tempo e encontrou a distração que procurava.
No início foram memórias, transferia para o papel momentos de sua existência. Numa segunda etapa vieram as crônicas, comentava e dava opinião sobre notícias da época. Resolveu ir além e, baseado num fato real e na sua imaginação, escreveu um conto. Foi o primeiro de muitos perpetuados mais tarde em livros. Tomou gosto pela arte de escrever e se viciou. Para se aperfeiçoar voltou a ler seus autores prediletos e freqüentou cursos e oficinas literárias onde aprendeu e fez preciosas amizades.
Sessentão e aposentado dedica-se aos netos, que para sua alegria não param de chegar a esse mundo. Pode ser encontrado pela manhã pedalando na ciclovia da Barra e à noite em mesas de pôquer e sinuca. Nas horas vagas entrega-se ao vício de escrever.

5 comentários:

Maria do Carmo Braga disse...

Sei não, acho que conheci esse cara em uma dessas oficinas (rs)... Gente boa e grande cronista!

Beatriz disse...

Boa auto-biografia!

Ana Lúcia Prôa disse...

Querido Fábio,

Passei por aqui para te dar um alô e te agradecer por ter deixado sua opinião a respeito do meu conto da mulher supostamente grávida. Menino, se eu colocasse o marido dela chegando em casa bêbado, não seria uma história minha, e sim sua, graças a essa sua incansável imaginação rodrigueana! Haha! Mas valeu pela dica. Vou ver se solto mais o lado "fabiano" de escrever! Ah, a propósito, já conhecia sua biografia (de seus livros) e adoro!!!!!!! Beijos grandes!

ACR disse...

E eu aqui ouvindo Como uma onda no mar...Me identifiquei no seu texto . Valeu pelas boas lembrancas.
Abracos
Claudio

Unknown disse...

Fabio:

Parabéns pelas crônicas. Agora, com o Blog, vai ficar ainda mais fácil...

Seu amigo e fã,

Esio