Meu neto de 10 anos me perguntou se o mundo ia acabar por causa do aquecimento global. Respondi que o problema era sério, mas que ele não precisava ficar preocupado porque ninguém ia morrer por causa disso. Ao voltar para casa fui me informar melhor sobre o assunto disposto a lhe dar uma aula completa sobre aquecimento global. Precisava tranqüilizá-lo e manter a fama de vovô-sabe-tudo.
Descobri que os primeiros registros de aumento da temperatura terrestre datam de meados do século 19, ou seja, o problema não é novo, existe há pelo menos 150 anos. A situação se agravou na segunda metade do século passado com a explosão do consumo e a evolução das indústrias petrolífera, automobilística e de outras fontes poluidoras do meio ambiente. As previsões atuais são drásticas, uma elevação de 6 graus na temperatura do planeta e de quase um metro no nível do mar provocarão catástrofes climáticas devastadoras, principalmente na segunda metade do século.
Identifiquei também três formas distintas de encarar o problema. Os alarmistas acham que a situação é gravíssima e sem solução, que o planeta Terra está com os dias contados e a humanidade fadada a desaparecer. Neste grupo estão os ecochatos do Greenpeace preocupados com o futuro de geleiras, focas e pingüins. De outro lado os otimistas dizem que a situação não é tão preta como parece e contestam as previsões científicas. Para eles o aquecimento global tem solução e é preciso haver uma conscientização mundial para que se possa fazer algo. Um último grupo é o dos que não estão nem aí para o assunto. Acham que como as catástrofes só irão ocorrer daqui a dezenas de anos o problema é das próximas gerações. São os egoístas e inconseqüentes.
Razoavelmente informado me alinhei com os otimistas. Não me aprofundei no assunto porque um otimista é antes de tudo um mal informado. Preparei-me então para explicar para uma criança de 10 anos o efeito estufa, buraco de ozônio, gases poluentes, etc. Comecei dizendo que nosso planeta estava doente com febre e precisava se tratar para ficar bom. Ele me interrompeu, pegou na mochila um trabalho que fez para a escola sobre aquecimento global e me entregou. Examinei o material e estava tudo lá, tudo que eu havia preparado para lhe ensinar, até o Protocolo de Kyoto.
— Onde é que você aprendeu tudo isso? — perguntei abismado.
— Eu pesquisei na internet — ele respondeu orgulhoso.
Já não se precisam mais de avôs como antigamente.
terça-feira, 1 de maio de 2007
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Um comentário:
Essa também é ótima! Desde que o Novaes leu em sala, gostei muito.
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