Nascido e criado num Rio de Janeiro que não existe mais. A infância e a adolescência passou entre a educação num colégio jesuíta e o lazer com colegas. Peladeiro convicto atuou tanto nas areias da praia como nas ruas e campos de futebol soçaite. Se talento lhe faltava, disposição tinha de sobra. Sofreu e sorriu com o seu Flamengo e assistiu ao milésimo gol do Pelé no Maracanã. Influenciado pelo pai, um pioneiro em caça submarina no Brasil, tomou gosto pelo mundo submarino. Não foi surfista, na sua época só se pegava jacaré. Andou de bonde e lotação até ter seu primeiro carro. Namorou e dançou ao som dos acordes da bossa nova e das guitarras dos Beatles. Casou-se com uma legítima garota de Ipanema, casamento que perdura até hoje e que gerou três lindas filhas.
Na hora de escolher uma profissão se aventurou pelos mistérios da alquimia. Seu primeiro emprego foi numa fábrica onde ficou muitos anos. Aos 40 deu uma guinada na carreira, trocou a área industrial pela comercial. Viajou por esse Brasil e pelo mundo afora, ampliou seus horizontes. Participou de reuniões, congressos ou simplesmente viajou de férias. Conheceu muitos lugares, fez novas amizades e colecionou momentos que se transformaram em doces recordações.
Em determinado momento as viagens de trabalho, a princípio prazerosas, se tornaram enfadonhas. Passava longas e solitárias horas em hotéis, aeroportos e aviões. Precisava arranjar algo para se distrair e não se tornar mais um alcoólatra em trânsito, como tantos que conheceu em suas andanças pelo mundo. Descobriu que escrever passava o tempo e encontrou a distração que procurava.
No início foram memórias, transferia para o papel momentos de sua existência. Numa segunda etapa vieram as crônicas, comentava e dava opinião sobre notícias da época. Resolveu ir além e, baseado num fato real e na sua imaginação, escreveu um conto. Foi o primeiro de muitos perpetuados mais tarde em livros. Tomou gosto pela arte de escrever e se viciou. Para se aperfeiçoar voltou a ler seus autores prediletos e freqüentou cursos e oficinas literárias onde aprendeu e fez preciosas amizades.
Sessentão e aposentado dedica-se aos netos, que para sua alegria não param de chegar a esse mundo. Pode ser encontrado pela manhã pedalando na ciclovia da Barra e à noite em mesas de pôquer e sinuca. Nas horas vagas entrega-se ao vício de escrever.
terça-feira, 1 de maio de 2007
Viagem pelo mundo lexical
Li no jornal que um número expressivo de brasileiros sabe ler, mas não sabe interpretar o que lê. Entendem o significado de algumas palavras e frases curtas, mas não de um texto um pouco mais longo e complexo. São semi-analfabetos. Fechei o jornal e os olhos e embarquei numa viagem pelo mundo lexical.
A primeira idéia que me ocorreu foi que uma palavra isolada perde sua força. É como um soldado no campo de batalha que precisa do apoio de seus companheiros para lutar e sobreviver. Cada palavra-soldado tem sua função específica na tropa lingüística, seja substantivo, adjetivo, verbo, pronome ou outra especialidade. Elas se completam e formam frases, que alinhadas compõe parágrafos que dão vida ao texto.
Uma língua seria então um repertório destas palavras e cada idioma teria o seu. Sob esse aspecto traduzir seria uma tarefa fácil, bastaria substituir palavras de um idioma para o outro e montar frases. É o que fazem os programas de tradução instantânea com resultados desastrosos. Traduzir é mais do que substituir palavras, é transformar, adaptar, improvisar. Traduttore, traditore, diz o ditado italiano. Traduzir é trair no sentido que o texto traduzido é infiel ao original.
Todo língua possui suas características, peculiaridades e ambigüidades. Em português dizemos que vamos botar a calça e calçar a bota, quando mais lógico seria calçarmos a calça e botarmos a bota. Em idiomas diferentes as palavras nem sempre significam o que aparentam. Num país de língua inglesa ao se deparar com uma placa de PUSH numa porta, não puxe, empurre; se for PULL, não pule, puxe, e no caso de EXIT, não hesite, saia. A palavra saia, que acabei de usar é outro exemplo, isolada e fora do contexto não se sabe se é a peça do vestuário feminino ou o tempo verbal.
A informática, o economês, a internet e outras áreas tecnológicas estão sempre lançando palavras novas na mídia. Software, marketing e performance são exemplos de algumas já aceitas e incorporadas ao nosso vernáculo. Outras, como deletar, estresse, know how e impeachment, ainda estão sendo digeridas. Difíceis de engolir são as aportuguesadas fidebeque, leiaute e estartar. É a globalização introduzindo uma nova língua universal para facilitar a comunicação entre os povos, o que o esperanto tentou, mas não conseguiu.
Nesse ponto da viagem compreendi melhor as dificuldades dos semi-analfabetos tendo que conviver com todos esses neologismos e percalços lingüísticos. Abri os olhos e retomei a leitura do jornal.
A primeira idéia que me ocorreu foi que uma palavra isolada perde sua força. É como um soldado no campo de batalha que precisa do apoio de seus companheiros para lutar e sobreviver. Cada palavra-soldado tem sua função específica na tropa lingüística, seja substantivo, adjetivo, verbo, pronome ou outra especialidade. Elas se completam e formam frases, que alinhadas compõe parágrafos que dão vida ao texto.
Uma língua seria então um repertório destas palavras e cada idioma teria o seu. Sob esse aspecto traduzir seria uma tarefa fácil, bastaria substituir palavras de um idioma para o outro e montar frases. É o que fazem os programas de tradução instantânea com resultados desastrosos. Traduzir é mais do que substituir palavras, é transformar, adaptar, improvisar. Traduttore, traditore, diz o ditado italiano. Traduzir é trair no sentido que o texto traduzido é infiel ao original.
Todo língua possui suas características, peculiaridades e ambigüidades. Em português dizemos que vamos botar a calça e calçar a bota, quando mais lógico seria calçarmos a calça e botarmos a bota. Em idiomas diferentes as palavras nem sempre significam o que aparentam. Num país de língua inglesa ao se deparar com uma placa de PUSH numa porta, não puxe, empurre; se for PULL, não pule, puxe, e no caso de EXIT, não hesite, saia. A palavra saia, que acabei de usar é outro exemplo, isolada e fora do contexto não se sabe se é a peça do vestuário feminino ou o tempo verbal.
A informática, o economês, a internet e outras áreas tecnológicas estão sempre lançando palavras novas na mídia. Software, marketing e performance são exemplos de algumas já aceitas e incorporadas ao nosso vernáculo. Outras, como deletar, estresse, know how e impeachment, ainda estão sendo digeridas. Difíceis de engolir são as aportuguesadas fidebeque, leiaute e estartar. É a globalização introduzindo uma nova língua universal para facilitar a comunicação entre os povos, o que o esperanto tentou, mas não conseguiu.
Nesse ponto da viagem compreendi melhor as dificuldades dos semi-analfabetos tendo que conviver com todos esses neologismos e percalços lingüísticos. Abri os olhos e retomei a leitura do jornal.
O que é de gosto regala a vida
Alfredo passou mal no escritório chegando a desmaiar. Chamada às pressas para atendê-lo, sua filha única, médica, já o encontrou bem disposto e trabalhando normalmente — Foi uma bobagem, um mal estar passageiro — disse ele enquanto ela tirava sua pressão.
No dia seguinte ela o levou, sob protestos, para fazer um check-up no hospital em que trabalhava. Os resultados dos exames não acusaram nada de anormal — É excesso de trabalho, papai. Você precisa se distrair mais, relaxar, curtir a vida. Há quanto tempo você não tira umas férias?
Alfredo não respondeu, não teve coragem. As últimas férias haviam sido quando a levou para a Disney no seu aniversário de dez anos. Sabia que a filha tinha razão, ele se sentia mesmo estafado, mas relutava em se afastar do trabalho.
Na saída do hospital avistaram um outdoor de uma agência de turismo com a frase - Não leve tão a sério a sua existência. Você não vai sair dela com vida.
— Papai, essa frase foi feita sob medida pra você que vai acabar se matando de tanto trabalhar. Vai passar pela vida sem viver. Por que você e a mamãe não viajam para a Europa numa excursão? Aposto que vocês iriam adorar.
A frase e os argumentos da filha foram decisivos para ele tomar a decisão — Tudo bem, minha filha, eu tiro umas férias, mas nem pensar em Europa e viajar de avião. Eu vou é para São Lourenço e de carro.
— São Lourenço! Que falta de imaginação! Mas pensando bem é até melhor. Lá pelo menos você vai descansar e se alimentar bem.
No domingo Alfredo e a mulher seguiram para uma semana de férias em São Lourenço. Hospedaram-se no Hotel Brasil, o mesmo da lua de mel há trinta anos. O tempo havia passado e o hotel se modernizado, mas o programa era o mesmo. Manhã no parque das águas sulfurosas e magnesianas, foto no caramanchão do lago, miolo de pão para pombos e patos, pedalinho, charrete e um bom livro para ler.
Almoço seguido de cochilo na espreguiçadeira. À tardinha passeio a pé pelo comércio para comprar lembranças e bugigangas. Uma partida de biriba antes do jantar e depois cafezinho e chá na varanda. Os homens discutem política e futebol enquanto as mulheres assistem à novela na sala de televisão. Pouca coisa mudou dos tempos da lua de mel, só os momentos embaixo dos lençóis que não eram mais os mesmos.
O primeiro dia foi interessante, o segundo entediante e o terceiro angustiante. Alfredo sentia-se um inútil longe de seus relatórios, planilhas e contratos. A sensação era de um viciado tentando largar a droga. Pensou em ligar para o escritório e saber das novidades, mas conteve-se, estava ali para curtir as férias como havia prometido para a filha. Passou o resto da semana amargurado esperando pelo domingo.
Na segunda-feira voltou ansioso ao escritório. Deu um bom dia seco para os colegas, trancou-se na sala e mergulhou de cabeça na papelada. Não parou nem para almoçar. Como sempre foi o último a sair levando na pasta um relatório para terminar em casa. Precisava recuperar a semana perdida. Férias, nunca mais.
No dia seguinte ela o levou, sob protestos, para fazer um check-up no hospital em que trabalhava. Os resultados dos exames não acusaram nada de anormal — É excesso de trabalho, papai. Você precisa se distrair mais, relaxar, curtir a vida. Há quanto tempo você não tira umas férias?
Alfredo não respondeu, não teve coragem. As últimas férias haviam sido quando a levou para a Disney no seu aniversário de dez anos. Sabia que a filha tinha razão, ele se sentia mesmo estafado, mas relutava em se afastar do trabalho.
Na saída do hospital avistaram um outdoor de uma agência de turismo com a frase - Não leve tão a sério a sua existência. Você não vai sair dela com vida.
— Papai, essa frase foi feita sob medida pra você que vai acabar se matando de tanto trabalhar. Vai passar pela vida sem viver. Por que você e a mamãe não viajam para a Europa numa excursão? Aposto que vocês iriam adorar.
A frase e os argumentos da filha foram decisivos para ele tomar a decisão — Tudo bem, minha filha, eu tiro umas férias, mas nem pensar em Europa e viajar de avião. Eu vou é para São Lourenço e de carro.
— São Lourenço! Que falta de imaginação! Mas pensando bem é até melhor. Lá pelo menos você vai descansar e se alimentar bem.
No domingo Alfredo e a mulher seguiram para uma semana de férias em São Lourenço. Hospedaram-se no Hotel Brasil, o mesmo da lua de mel há trinta anos. O tempo havia passado e o hotel se modernizado, mas o programa era o mesmo. Manhã no parque das águas sulfurosas e magnesianas, foto no caramanchão do lago, miolo de pão para pombos e patos, pedalinho, charrete e um bom livro para ler.
Almoço seguido de cochilo na espreguiçadeira. À tardinha passeio a pé pelo comércio para comprar lembranças e bugigangas. Uma partida de biriba antes do jantar e depois cafezinho e chá na varanda. Os homens discutem política e futebol enquanto as mulheres assistem à novela na sala de televisão. Pouca coisa mudou dos tempos da lua de mel, só os momentos embaixo dos lençóis que não eram mais os mesmos.
O primeiro dia foi interessante, o segundo entediante e o terceiro angustiante. Alfredo sentia-se um inútil longe de seus relatórios, planilhas e contratos. A sensação era de um viciado tentando largar a droga. Pensou em ligar para o escritório e saber das novidades, mas conteve-se, estava ali para curtir as férias como havia prometido para a filha. Passou o resto da semana amargurado esperando pelo domingo.
Na segunda-feira voltou ansioso ao escritório. Deu um bom dia seco para os colegas, trancou-se na sala e mergulhou de cabeça na papelada. Não parou nem para almoçar. Como sempre foi o último a sair levando na pasta um relatório para terminar em casa. Precisava recuperar a semana perdida. Férias, nunca mais.
Vamos dar um tempo
O namoro começou na adolescência num cursinho de inglês. Naquele tempo não se ficava como nos dias de hoje e para dar uns amassos era preciso namorar. O relacionamento se firmou e prosseguiu durante o tempo de faculdade, ela de medicina e ele de engenharia. Brigas existiram, seguidas de reconciliações que fortaleceram a relação e acabaram por levá-los ao altar. Igreja lotada, recepção suntuosa, lua de mel na Europa e notas em colunas sociais.
Namoro longo, casamento curto. A repentina separação foi uma surpresa para quem os conhecia, na teoria eles formavam o casal perfeito, mas na prática não era bem assim. As desavenças começaram tão logo a poeira das bodas abaixou e a rotina do casamento se instalou. Incompatibilidade de horários; ela saía de um plantão para outro e ele sempre envolvido em viagens de trabalho. Quase nunca se encontravam e quando acontecia tinham objetivos diferentes, ele queria sair para se divertir e ela ficar em casa para colocar o sono em dia. Ele acabava saindo sozinho e a relação foi se deteriorando. Suspeitas, nunca confirmadas, de outra no pedaço.
Resolveram dar um tempo e cada um seguiu seu caminho sem guardar rancores. Ela voltou a se casar e teve dois filhos com um colega de profissão de quem se separou mais tarde. Ele continuou com suas viagens, morou em várias cidades e seus relacionamentos sempre foram passageiros. No início ainda se falavam e trocavam cartões nos aniversários e datas festivas, mas depois nem isso, com o passar do tempo perderam totalmente o contato.
O reencontro foi casual numa festa de casamento da filha de um amigo comum. Emocionados e desacompanhados aproveitaram a oportunidade que o destino lhes reservou. Beberam, comeram, dançaram, riram e conversaram sobre suas vidas depois da separação. Assunto é o que não faltava, tinham trinta anos de histórias para contar. Embalados pela emoção do reencontro e pelas muitas taças de prosecco que tomaram, decidiram terminar a noite no apartamento dele. A brasa da antiga paixão adolescente estava reacesa.
Entraram no apartamento tirando as roupas entre beijos e abraços acalorados. Cada peça que caía no chão revelava uma parte do corpo e trazia doces recordações, jogando mais lenha na fogueira da paixão. Enfim nus, melhor dizendo, novamente nus. O tempo havia sido cruel e deixado marcas na dupla cinqüentona: celulites, varizes, barrigas e carnes flácidas. Detalhes insignificantes e incapazes de apagar o fogaréu que os consumia naquele momento.
A noite foi curta para apaziguar toda aquela paixão e os encontros se repetiram. Eles tinham um passado para resgatar, um presente para aproveitar e, quem sabe, um futuro para compartilhar.
Namoro longo, casamento curto. A repentina separação foi uma surpresa para quem os conhecia, na teoria eles formavam o casal perfeito, mas na prática não era bem assim. As desavenças começaram tão logo a poeira das bodas abaixou e a rotina do casamento se instalou. Incompatibilidade de horários; ela saía de um plantão para outro e ele sempre envolvido em viagens de trabalho. Quase nunca se encontravam e quando acontecia tinham objetivos diferentes, ele queria sair para se divertir e ela ficar em casa para colocar o sono em dia. Ele acabava saindo sozinho e a relação foi se deteriorando. Suspeitas, nunca confirmadas, de outra no pedaço.
Resolveram dar um tempo e cada um seguiu seu caminho sem guardar rancores. Ela voltou a se casar e teve dois filhos com um colega de profissão de quem se separou mais tarde. Ele continuou com suas viagens, morou em várias cidades e seus relacionamentos sempre foram passageiros. No início ainda se falavam e trocavam cartões nos aniversários e datas festivas, mas depois nem isso, com o passar do tempo perderam totalmente o contato.
O reencontro foi casual numa festa de casamento da filha de um amigo comum. Emocionados e desacompanhados aproveitaram a oportunidade que o destino lhes reservou. Beberam, comeram, dançaram, riram e conversaram sobre suas vidas depois da separação. Assunto é o que não faltava, tinham trinta anos de histórias para contar. Embalados pela emoção do reencontro e pelas muitas taças de prosecco que tomaram, decidiram terminar a noite no apartamento dele. A brasa da antiga paixão adolescente estava reacesa.
Entraram no apartamento tirando as roupas entre beijos e abraços acalorados. Cada peça que caía no chão revelava uma parte do corpo e trazia doces recordações, jogando mais lenha na fogueira da paixão. Enfim nus, melhor dizendo, novamente nus. O tempo havia sido cruel e deixado marcas na dupla cinqüentona: celulites, varizes, barrigas e carnes flácidas. Detalhes insignificantes e incapazes de apagar o fogaréu que os consumia naquele momento.
A noite foi curta para apaziguar toda aquela paixão e os encontros se repetiram. Eles tinham um passado para resgatar, um presente para aproveitar e, quem sabe, um futuro para compartilhar.
Vem quente que eu estou fervendo
Meu neto de 10 anos me perguntou se o mundo ia acabar por causa do aquecimento global. Respondi que o problema era sério, mas que ele não precisava ficar preocupado porque ninguém ia morrer por causa disso. Ao voltar para casa fui me informar melhor sobre o assunto disposto a lhe dar uma aula completa sobre aquecimento global. Precisava tranqüilizá-lo e manter a fama de vovô-sabe-tudo.
Descobri que os primeiros registros de aumento da temperatura terrestre datam de meados do século 19, ou seja, o problema não é novo, existe há pelo menos 150 anos. A situação se agravou na segunda metade do século passado com a explosão do consumo e a evolução das indústrias petrolífera, automobilística e de outras fontes poluidoras do meio ambiente. As previsões atuais são drásticas, uma elevação de 6 graus na temperatura do planeta e de quase um metro no nível do mar provocarão catástrofes climáticas devastadoras, principalmente na segunda metade do século.
Identifiquei também três formas distintas de encarar o problema. Os alarmistas acham que a situação é gravíssima e sem solução, que o planeta Terra está com os dias contados e a humanidade fadada a desaparecer. Neste grupo estão os ecochatos do Greenpeace preocupados com o futuro de geleiras, focas e pingüins. De outro lado os otimistas dizem que a situação não é tão preta como parece e contestam as previsões científicas. Para eles o aquecimento global tem solução e é preciso haver uma conscientização mundial para que se possa fazer algo. Um último grupo é o dos que não estão nem aí para o assunto. Acham que como as catástrofes só irão ocorrer daqui a dezenas de anos o problema é das próximas gerações. São os egoístas e inconseqüentes.
Razoavelmente informado me alinhei com os otimistas. Não me aprofundei no assunto porque um otimista é antes de tudo um mal informado. Preparei-me então para explicar para uma criança de 10 anos o efeito estufa, buraco de ozônio, gases poluentes, etc. Comecei dizendo que nosso planeta estava doente com febre e precisava se tratar para ficar bom. Ele me interrompeu, pegou na mochila um trabalho que fez para a escola sobre aquecimento global e me entregou. Examinei o material e estava tudo lá, tudo que eu havia preparado para lhe ensinar, até o Protocolo de Kyoto.
— Onde é que você aprendeu tudo isso? — perguntei abismado.
— Eu pesquisei na internet — ele respondeu orgulhoso.
Já não se precisam mais de avôs como antigamente.
Descobri que os primeiros registros de aumento da temperatura terrestre datam de meados do século 19, ou seja, o problema não é novo, existe há pelo menos 150 anos. A situação se agravou na segunda metade do século passado com a explosão do consumo e a evolução das indústrias petrolífera, automobilística e de outras fontes poluidoras do meio ambiente. As previsões atuais são drásticas, uma elevação de 6 graus na temperatura do planeta e de quase um metro no nível do mar provocarão catástrofes climáticas devastadoras, principalmente na segunda metade do século.
Identifiquei também três formas distintas de encarar o problema. Os alarmistas acham que a situação é gravíssima e sem solução, que o planeta Terra está com os dias contados e a humanidade fadada a desaparecer. Neste grupo estão os ecochatos do Greenpeace preocupados com o futuro de geleiras, focas e pingüins. De outro lado os otimistas dizem que a situação não é tão preta como parece e contestam as previsões científicas. Para eles o aquecimento global tem solução e é preciso haver uma conscientização mundial para que se possa fazer algo. Um último grupo é o dos que não estão nem aí para o assunto. Acham que como as catástrofes só irão ocorrer daqui a dezenas de anos o problema é das próximas gerações. São os egoístas e inconseqüentes.
Razoavelmente informado me alinhei com os otimistas. Não me aprofundei no assunto porque um otimista é antes de tudo um mal informado. Preparei-me então para explicar para uma criança de 10 anos o efeito estufa, buraco de ozônio, gases poluentes, etc. Comecei dizendo que nosso planeta estava doente com febre e precisava se tratar para ficar bom. Ele me interrompeu, pegou na mochila um trabalho que fez para a escola sobre aquecimento global e me entregou. Examinei o material e estava tudo lá, tudo que eu havia preparado para lhe ensinar, até o Protocolo de Kyoto.
— Onde é que você aprendeu tudo isso? — perguntei abismado.
— Eu pesquisei na internet — ele respondeu orgulhoso.
Já não se precisam mais de avôs como antigamente.
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